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Article developed for a Portuguese blog in the Translation industry

«Esta ser Nadine.»

Parece-lhe artificial?

 

​Bem… Realmente, a Nadine é um robot de última geração, capaz de reconhecer diferentes indivíduos, desenvolver conversas com base num histórico de interacções anteriores ou exprimir emoções distintas consoante os temas abordados. Para além disso, este robot é ainda capaz de estabelecer uma analogia perfeita para a dicotomia que pretendemos desenvolver neste artigo:

 

«Tradução Automática vs. Tradução Humana»

 

 

Já podemos confundir um robot com um humano, como no filme de Spielberg?

 

«Vamos lá a ter calma» ou, como traduzia um serviço de Tradução Automática

até há relativamente pouco tempo, «lets go taking it easy».

 

A tradução tem observado largos desenvolvimentos em tempos recentes; com ferramentas como o Google Tradutor, o Bing Translator ou o Yahoo Babelfish, a Tradução Automática, por intermédio da Inteligência Artificial de computadores, tem vindo a ganhar terreno face à Tradução Humana. A crescente necessidade de comunicação a uma escala global e os constantes avanços tecnológicos empregues nesse sentido têm resultado em formas cada vez mais eficazes e céleres de supri-la, abrangendo um crescente leque  de idiomas.

 

«Mas, o que ser e como funcionar esse tradução automático?»

(Pergunta alguém que, provavelmente, precisa da ajuda de um profissional de tradução)

A Tradução Automática é um campo da linguística computacional que investiga, desenvolve e operacionaliza software informático para traduzir texto ou diálogo entre diferentes idiomas, sem intervenção humana directa.

No que concerne à sua operação, a Tradução Automática analisa a estrutura de cada frase no texto-fonte (source), decompondo-a em termos mais facilmente traduzíveis e recompondo-a numa estrutura composta por termos equivalentes na linguagem do texto-alvo (target) – sempre segundo uma combinação/conjugação de regras linguísticas e gramaticais constantes em dicionários de terminologia e expressões. O software não compreende nem actua sobre o significado global do texto-fonte, apenas sintetizando partes que ‘entende’ ou ‘conhece’, sejam apenas termos ou até trechos específicos. Os mais recentes avanços têm vindo a lidar com o problema da compreensão ou interpretação globais do texto original por meio de técnicas estatísticas que procuram retirar significado de frases em função do seu contexto - cálculo sempre baseado em anteriores experiências ou inputs do software no que concerne a uma grande quantidade de textos ‘pré-alimentados’ à ‘máquina’. A tipologia dos dicionários e terminologia envolvidas pode ser especificada consoante as particularidades da área de tradução, desde conteúdos no ramo da Farmacologia até ao da Ciência Política, etc.

 

«Ok mas a Tradução Automático ser aquilo que eu precisar?»

(Pergunta o mesmo indivíduo, intrigado)

Bem... a verdade é que depende bastante daquilo que se quer empreender.

Verdade seja dita, existe um extenso rol de vantagens associado à Tradução Automática:

- Em grande parte dos casos, o seu serviço é gratuito;

- A sua operação é incomparavelmente mais rápida do que a levada a cabo por um humano – por vezes, a quantidade ou a celeridade em detrimento da qualidade é um requisito ou uma desvantagem viável;

- A precisão terminológica, na maioria dos termos, é muito elevada, apresentando-se resultados consistentes ao longo do tempo;

- A sua compatibilidade/funcionamento integrado são crescentes, aumentando o número de idiomas, plataformas, serviços, formatos, funcionalidades, etc. associados – torna-se mais flexível e fluida a tradução com recurso a elementos diferentes, e fácil a permuta entre diferentes línguas (quando um website tem de actualizar conteúdos em vários idiomas diferentes, por exemplo) e campos terminológicos;

- O custo final da tradução é assinalavelmente inferior ao de uma tradução levada a cabo por um tradutor profissional;

- Encontra-se sempre disponível;

- Mantém-se em constante desenvolvimento e aprendizagem.

 

Ainda assim, como se observava na tradução reproduzida alguns parágrafos acima, existe ainda um longo caminho a palmilhar; ainda não chegámos ao ponto de confundir a Nadine com um ser humano, nem o Google Translator com o Joaquim Mário, tradutor profissional desde 1992.

Os principais defeitos ou insuficiências da Tradução Automática também são assinaláveis e numerosos:

- A sua tradução é literal ou excessivamente baseada na terminologia, pondo de parte a compreensão e interpretação contextuais do texto, que, assim, perde muitas vezes o seu sentido original, por exemplo ao nível da intenção do autor e da conjuntura cultural. O software não tem sensibilidade para abordar figuras estilísticas/diferentes estilos de expressão escrita (e.g. metáforas ou apontamentos humorísticos) ou capacidade para determinar e tratar possíveis ambiguidades;

- As suas potencialidades estão circunscritas à sua base de dados;

- O seu produto é, muitas vezes, difícil de decifrar ou compreender - um texto mecanizado, que não ultrapassa as barreiras linguísticas de forma natural e não se adapta a um público-alvo específico. Num texto de marketing, por exemplo,  perdem-se os latentes capacidade de persuasão e âmbito criativo;

- Nem todos os idiomas se encontram disponíveis;

- O computador é incapaz de produzir uma pesquisa que sustente o necessário trabalho de localização por trás de terminologia, expressões e nomenclaturas específicas, tais como o nome de uma marca, o título de uma associação ou o termo que designa determinado mecanismo social. Por outro lado, apenas um tradutor humano tem a sensibilidade necessária para substituir uma componente textual que, simplesmente, não tem uma tradução directa;

- A sua utilização está circunscrita à comunicação informal ou a documentos de tipologia não-oficial observando-se o facto de que não é possível garantir a total integridade dos sentido e termos do texto-fonte, uma circunstância inaceitável, por exemplo, em determinados círculos nos quais a reputação de uma empresa ou a consistência de uma marca podem ser postas em causa, quando existem assuntos de elevada responsabilidade jurídica em jogo, quando se trata de questões de segurança, etc.;

- Apesar da flexibilidade no tratamento de conteúdos, a Tradução Automática é muito pouco adaptável no que concerne à forma de abordar diferentes textos e contextos, permanecendo escrava do mesmo conjunto de regras que auxiliam a sua operação.

 

«E onde é que isso nos deixar?»

(Pergunta, uma vez mais, o mesmo indivíduo, em tom de conclusão)

 

​Onde nos deixa, é difícil saber, nos dias que correm. Mas deixa-nos bastante espaço de manobra. Se chegou à mesma conclusão que nós, ainda bem (para nós e para si): os melhores resultados são atingidos quando as celeridade e fiabilidade de uma boa ferramenta de Tradução Automática são aliadas aos conhecimento e sensibilidade de um tradutor experiente. Os softwares de Tradução Automática actualmente disponíveis são excelentes elementos de contextualização que permitem ao tradutor uma melhor compreensão sobre o sentido de um texto e umas maiores eficácias ortográfica e terminológica. Naturalmente, a Tradução Automática é mais decisiva nos casos de elevada repetição e estandardização; por outro lado, os seus extensos dicionários e características de localização automática são, também eles, ferramentas fulcrais que ajudam o tradutor a atingir melhores resultados – provavelmente, as máquinas não irão substituir os humanos mas terão, isso sim, um papel no desenvolvimento e melhoria da consistência, do rigor e da produtividade do trabalho dos primeiros. A união entre homem e máquina neste campo tem actualmente o nome de Tradução Assistida por Computador – encontramos paralelismo na pós-edição de um texto resultante de uma Tradução Automática por parte de um tradutor profissional; a diferença encontra-se na fase em que o tradutor entra em acção, respectivamente desde o início ou apenas no fim do processo de tradução.

 

 

 

«Daí, para onde irmos?»

 

Quem sabe? Talvez a Nadine.

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